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Comitê UFPel Covid alerta para riscos da flexibilização precoce do distanciamento

 

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

COMITÊ INTERNO PARA ACOMPANHAMENTO DA EVOLUÇÃO DA PANDEMIA DA COVID19

 

Nota técnica

Situação atual e possibilidades para flexibilização do distanciamento físico

Pelotas, 06 de abril de 2021

O Comitê UFPel Covid-19, vem por meio de nota técnica, chamar atenção para os riscos da flexibilização precoce do distanciamento físico. O RS observa a estabilização dos números de internação e a redução do número de casos e óbitos. Pelotas, embora esteja desde 11 de março com mais de 100 pessoas internadas em enfermaria e mais de 60 pessoas internadas em UTI, tem três semanas de redução no número de casos e, na última semana, excluindo-se a atualização de óbitos realizada no dia 03/04, o município apresentou uma redução na média de óbitos, de 6 para 5 por dia. Sabe-se, e a atualização ocorrida confirma isso, que há represamento e subnotificação de casos e óbitos. Salienta-se a importância da especificação do total de óbitos ocorridos nas últimas 24 horas na divulgação do boletim diário da prefeitura objetivando o adequado acompanhamento da pandemia no município.

O estado e o município estão, neste momento, experimentando os efeitos do período mais restritivo do distanciamento físico, ocorrido entre 27/02 e 19/03, quando houve a suspensão da co-gestão. Mesmo assim, os leitos de enfermaria e UTI continuam operando em sua capacidade máxima, o quantitativo de óbitos e casos novos estão muito altos, número muito superior a capacidade da vigilância epidemiológica para realização da detecção precoce, isolamento e monitoramento de casos, bem como, rastreamento, isolamento e monitoramento de contatos de forma adequada, principalmente considerando que a mesma equipe tem que dar conta da organização da vacinação da COVID-19 e em breve dará início a vacinação da gripe.

É fundamental que o mês de abril tenha como foco a substancial redução das internações por COVID-19, de forma a evitar a confluência entre as internações da epidemia de COVID-19 e da SRAG sazonal. É importante também reduzir o número de casos para um quantitativo manejável pela vigilância epidemiológica.

Uma vez observada redução significante do número de casos novos e internações é importante buscar o controle efetivo da epidemia pela vigilância epidemiológica, o qual depende dos seguintes aspectos:

– Ampliação da testagem com RT-PCR, RT Lamp ou teste de antígeno para todos os casos suspeitos e contatos próximos (cerca de 5 contatos/caso);

– Realização da testagem em tempo oportuno: RT-PCR, RT Lamp antes do 8º dia de sintomas ou entre o 5º e o 7º dia de contato com o caso confirmado; teste de antígeno antes do 7º dia de sintomas ou entre o 5º e o 7º dia de contato com o caso confirmado;

– Rapidez no resultado dos testes (com orientação para isolamento entre o período de realização e recebimento do resultado);

– Confirmação de casos pelos critérios clínico e clinico-epidemiológico, além do laboratorial;

– Monitoramento de casos e contatos pelo menos a cada 48 horas por 14 dias;

– Estabelecimento de estratégias efetivas de isolamento de casos e contatos, incluindo apoio para populações vulneráveis.

É preciso ampliar a capacidade instalada da vigilância epidemiológica. Se o município tem capacidade para coletar amostras e processar 200 testes por dia, isto significa que é preciso reduzir o número de casos para 40 por dia, antes que possa haver flexibilização do distanciamento físico. Isto implica no monitoramento dos 40 casos e 160 contatos a cada 48 horas por 14 dias, que significa monitorar 1400 pessoas/dia. Este quantitativo requer uma equipe de 7 pessoas em tempo integral para realizar monitoramento, com linhas telefônicas dedicadas, além de 7 pessoas para realizar o encerramento de caso no sistema e 2 pessoas para investigação de hospitalizações e óbitos. É importante também criar “equipes de bloqueio” para ir a campo de forma a facilitar o isolamento de casos e contatos.

O monitoramento e isolamento de casos e contatos certamente se beneficiaria de uma ação articulada entre a vigilância epidemiológica e a atenção primária à saúde uma vez que esta conhece bem o território e sua população em situação de vulnerabilidade. Mas é preciso ter alternativas para a realização de isolamento quando necessário.

Esta vigilância epidemiológica, bem estruturada, com foco na interrupção da transmissão, será necessária até que toda a população seja vacinada. Também será necessário manter o distanciamento físico, o uso de máscaras e os cuidados com a higiene até que toda a população seja vacinada. Entretanto, a redução do número de casos e óbitos antes da flexibilização do distanciamento físico e a estruturação da vigilância epidemiológica são as únicas alternativas para permitir a retomada das atividades de forma sustentada.

Publicado em 07/04/2021, nas categorias Destaque, Notícias.
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