Início do conteúdo

A Epidemiologia e o surto de coronavírus

O professor Fernando Wehrmeister, que atua no Centro de Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas, concedeu entrevista à Coordenação de Comunicação Social da UFPel sobre o surto de coronavirus, o papel da Epidemiologia em situações como esta, como o Centro pode atuar nestes casos e sobre a possibilidade de o virus chegar na região. O Centro de Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas é referência mundial em estudos na área e suas pesquisas são base para elaboração de políticas públicas na área da Saúde, também em âmbito global.

CCS – Como os profissionais que atuam na área da Epidemiologia podem auxiliar em situações críticas como as vividas hoje com o coronavírus?

FW – A Epidemiologia é o ramo da saúde que se propõe ao estudo da distribuição das doenças em um determinado tempo e espaço. Isso inclui doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes e hipertensão arterial, e doenças transmissíveis, como o coronavírus, sarampo, entre outras. Além disso, também avalia os fatores relacionados com alguma doença. No caso do coronavírus, entre os fatores de risco está ter viajado para a localidade de onde iniciou a epidemia.

CCS – O Centro de Epidemiologia da UFPel tem alguma área de pesquisa específica para estes casos de epidemias em larga escala, como se teme que possa ocorrer com o coronavírus?

FW – As áreas de concentração do Programa de Pós-Graduação são relacionadas à Epidemiologia do ciclo vital, avaliação dos serviços de saúde, dos determinantes do processo saúde-doença e também das desigualdades em saúde.

CCS – Já atuamos em situações semelhantes, no passado?

FW – O exemplo mais recente, em casos semelhantes, foi a atuação de pesquisadores do PPGEpi no surto do zika vírus. Houve uma parceria entre instituições brasileiras, que puderam dar uma resposta rápida à epidemia que atingiu a região Nordeste. Nesta ocasião, participaram ativamente os professores Cesar Victora e Fernando Barros e o egresso e atualmente no Ministério da Saúde Giovanny França.

CCS – É remota a chance de o vírus chegar na Zona Sul do RS? Fatores com os climáticos ou a proximidade com o Porto de Rio Grande podem ser facilitadores para isso?

FW – Dizer que é remota ou não depende de variáveis situações. Portos e aeroportos são a porta de entrada mais comum de estrangeiros no país. Se alguém vier de alguma das cidades chinesas afetadas, podemos ter casos aqui. A incubação do vírus é ao redor de 14 dias, o que faz com que o mesmo possa ser transmitido sem a pessoa saber que está infectada.