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Projeto da UFPel avalia solos da região e propõe ações de conscientização

Quando se fala em água, a associação com a vida é quase imediata. No entanto, o solo também desempenha papel fundamental para a existência humana. Ela não seria possível sem a maior fonte de produção de alimentos. Neste dia 15 de abril, Dia Nacional da Conservação do Solo, pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) lembram da importância de ações que avaliem as condições do solo, auxiliem especialmente os produtores rurais em sua relação com ele e, além disso, ofereçam estímulo para sua conservação.

O projeto de extensão “Conservação do Solo e da Água em Áreas de Bovinocultura Leiteira na Região Sul do Rio Grande do Sul” surgiu em 2014 e desde então tem a proposta de identificar e avaliar o estado de conservação do solo em áreas produtoras de leite da região. Isso é feito por meio da avaliação do grau de compactação do solo, que permitirá definir estratégias para as tomadas de decisão sobre o adequado uso e manejo do solo, buscando controlar impactos agrícolas, ambientais e sociais.

O trabalho tem a participação de alunos do nono semestre do curso de Agronomia, que fazem visitas a propriedades agrícolas sugeridas e acompanhadas pela EMATER. Nesse trabalho é realizada a coleta de solos para avaliar sua fertilidade.

O grupo realiza também um levantamento de características físicas da propriedade, buscando identificar a Capacidade de Uso da Terra.

Os alunos, devidamente orientados pelos professores participantes, elaboram um projeto para a propriedade com o objetivo de indicar potencialidades e limitações à produção agrícola, assim como definir estratégias para as tomadas de decisão sobre o adequado uso e manejo do solo em cada situação.

Na região
Áreas com elevada declividade, solos com baixa fertilidade, rasos e frágeis, assim como uso e manejo inadequados fazem parte da realidade de muitas unidades produtivas da região, explica a professora do Departamento de Solos da Faculdade de Agronomia e do Programa de Pós-Graduação em Manejo e Conservação do Solo e da Água (PPG MCSA), Maria Cândida Nunes.

Além disso, detalha a docente, muitos desses solos estão fora da capacidade de uso e compactados, em função do excessivo pisoteio animal. Tanto a produção de pasto como de milho podem levar ao desbalanço de nutrientes do solo, à compactação pelo pisoteio do gado e trânsito de máquinas, redução de cobertura vegetal, exposição e perdas de matéria orgânica do solo, perda do horizonte fértil do solo por erosão hídrica e, consequentemente, ao aporte de sedimentos para os corpos d’água.

De acordo com a professora, as alternativas adequadas geralmente consideram manejos conservacionistas, com adoção de sistema plantio direto. Esse sistema tem como premissas, entre outros aspectos, não revolver o solo, manter a superfície sempre coberta, rotação de culturas, cultivo em nível e redimensionamento de terraços. “O impacto maior em relação à conservação do solo é nas áreas agrícolas, as quais alimentam a população urbana, pois o solo é a principal base para a produção de alimentos”, destaca.

Conscientização para as crianças
O projeto também busca incentivar e motivar a participação das crianças em atividades agrícolas, por meio de palestras, demonstrações práticas de conservação do solo e confecção e distribuição de cartilhas lúdicas sobre o assunto, em escolas do meio rural de Pelotas. Essa iniciativa tem parceria com outros departamentos da UFPel (Zootecnia, Veterinária e Engenharia Rural) e também conta com a participação de estudantes da graduação em Agronomia.

“Na região de Pelotas é cada vez mais comum a falta de sucessão nas atividades da agricultura familiar”, avalia a Maria Cândida. Segundo ela, tem-se percebido um grande desinteresse e/ou desmotivação por parte dos filhos dos produtores em continuar a desenvolver as atividades agrícolas dos seus pais, muitos destes já idosos. “Essa situação, aliada à falta de sucessão familiar, representa um risco para a sustentabilidade dos sistemas de produção da agricultura e da pecuária local”, assinala.

Vinculação
O projeto faz parte de um programa mais abrangente – o Programa de Desenvolvimento da Bovinocultura de Leite da Metade Sul do Rio Grande do Sul – Competitividade e Sustentabilidade da Pecuária Leiteira Familiar, coordenado pela professora Flavia Fernandes.

Publicado em 13/04/2018, nas categorias Destaque, Notícias.