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Revista Interfaces chama artigos sobre problemas sociais indígenas

A revista Interfaces Brasil/Canadá, Qualis A, hospedada no Portal de Periódicos da Universidade, está realizando chamada de artigos sobre o tema Reposicionando o ‘periférico’ na antropologia: Trocando olhares sobre problemas sociais indígenas no Brasil e no Canadá.

Veja a chamada dos editores:

Segundo os termos de uma “etnografia das antropologias periféricas”, o antropólogo Roberto Cardoso de Oliveira partiu de uma concepção geográfica para articular os processos de desenvolvimento, cooperação e “amadurecimento” das comunidades de praticantes da antropologia em nível mundial em torno dos centros mais estabelecidos, como a Inglaterra, França e Estados Unidos, responsáveis pela origem e consolidação dos paradigmas constitutivos da disciplina.

As práticas etnográficas conduzidas por “antropólogos/as periféricos/as” deveriam, portanto, serem capazes de articular sua própria situação nacional vis-à-vis culturas antropológicas estabelecidas fora, fazendo-se atentos/as aos diferenciais de poder implicados nos processos imperiais, coloniais e nacionais de representação da alteridade cultural. Isto engendrou um “sujeito epistêmico” singular no corpo da Antropologia, pois não se tratava mais de um estrangeiro, mas de alguém que é membro de uma sociedade colonizada em sua origem – depois transformada em uma nova nação: “um observador eticamente contrafeito de um processo de colonização dos povos aborígenes situados no interior dessa mesma nação”, como observou Cardoso de Oliveira.

Nas últimas décadas do século XX, esta singularidade dos/das antropólogos/as periféricos/as se viu novamente tensionada pelo deslocamento da pesquisa antropológica para fora dos contextos nacionais de origem dos/as antropólogos/as ditos/as periféricos/as. Tem se tornado cada vez mais frequente e intenso o trabalho de pesquisadores formados por comunidades antropológicas consolidadas e epistemicamente reconhecíveis por seus estilos próprios e contribuições conceituais, metodológicas e teóricas originais fora dos países centrais da disciplina. O que nos leva a indagar para onde foi reposicionado o “periférico” nestas pesquisas? Sob quais novos termos tem sido elaboradas as etnografias e suas metodologias junto aos povos indígenas em países periféricos da disciplina, como são Brasil e Canadá? Quais temas tem sido enfocados e compartilhados? Quais os dilemas e desafios políticos, morais, epistemológicos, econômicos, linguísticos etc., que desafiam os/as antropólogos/as periféricos nestes dois contextos nacionais?

Este dossiê visa reunir trabalhos de antropólogos e antropólogas canadenses que desenvolvem suas reflexões e pesquisas no Brasil e de antropólogos e antropólogas brasileiros/as que desenvolvem suas reflexões e pesquisas no Canadá junto a povos indígenas e Primeiras Nações, Métis e Inuits. A partir das contribuições, espera-se acessar também trabalhos comparativos que problematizem as vidas indígenas tal como tem sido objetivadas pelas políticas públicas e de territorialização em ambos países, de modo a propiciar reflexões sobre o papel e a responsabilidade da antropologia para o fortalecimento político dos Povos Indígenas e Primeiras Nações, Métis e Inuits para o enfrentamento e superação de seus problemas sociais.

Da problematização original de Cardoso de Oliveira, avançamos para este outro modo de pensar as “antropologias periféricas”, tomando as práticas antropológicas e as etnografias recíprocas que elaboramos com Povos Indígenas e Primeiras Nações, Métis e Inuits enquanto estrangeiros/as em países periféricos da disciplina, como objeto de comparação, com vistas a ampliar o entendimento antropológico sobre as dificuldades, sensibilidades e habilidades que se deve elaborar hoje para lidar adequadamente e respeitosamente com os problemas sociais indígenas no mundo contemporâneo.

A publicação estará estruturada em dois eixos temáticos: a) Pesquisas de campo e trabalhos de cunho teórico ou crítico que refletem sobre a questões indígenas de uma perspectiva mais abrangente nos Brasil e Canadá realizadas por antropólogos/as canadenses; e b) Pesquisas de campo e trabalhos de cunho teórico ou crítico que refletem sobre a questões indígenas de uma perspectiva mais abrangente nos Brasil e Canadá realizadas por antropólogos/as brasileiros/as. Dentro de cada um destes eixos, os trabalhos serão organizados em subtemáticas em que pese a relevância da contribuição para pensar sobre antropologias periféricas e as práticas etnográficas com povos indígenas, Primeiras Nações, Métis e Inuits na contemporaneidade; políticas de representação; reflexividade; ética na pesquisa; metodologias colaborativas de pesquisa; questões etnológicas ou etnohistóricas; assim como qualquer outro tema que seja abordado a partir da problemática inicialmente apresentada.

Organizadores:

Prof. Dr. Cristhian Teófilo da Silva (Universidade de Brasília, Brasil)

Prof. Dr. Frederico de Oliveira (Lakehead University, Canadá)

Deadline para submissões: 15 de junho de 2018.

Veja a publicação no Portal de Periódicos da UFPel em https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/interfaces .

Publicado em 11/12/2017, na categoria Notícias.