Começa o 13º Poder Escolar

Inspirado na frase “O que concerne a todos deve ser decidido por todos”, de autoria de Leonardo Boff, teve início nesta segunda-feira (17) a 13ª edição do Poder Escolar, encontro tradicional na área de educação da região Sul do Estado e liderado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). O evento mais uma vez reúne profissionais da educação que, durante quatro dias, compartilham experiências, saberes, angústias, inspirações, sonhos e, especialmente, reforçam seu empoderamento.

A conferência de abertura esteve a cargo da professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Inês Barbosa de Oliveira, que foi enfática: poder escolar é docente e discente – todo o resto é usurpação. A convidada fez sua explanação trazendo reflexões que envolveram desde a criação cotidiana do currículo pelos profissionais até o empoderamento dos professores em tempos de conservadorismo. “Paira sobre nós a suspeita de que não sabemos fazer o nosso trabalho. Está socialmente posto, e reforçado pelas autoridades, que querem dizer o que fazer nas escolas muitas vezes desconhecendo as condições. O professor não precisa ser tutelado”, destacou.

Depois de abordar o desafio do reconhecimento da autoridade docente, Inês falou, ainda, sobre as hierarquias entre conhecimentos e emudecimentos do que chamou de “saberes subalternizados”, aprendizagens cotidianas, formalismo e hierarquização. A convidada explanou também sobre tessitura de redes de conhecimentos, a ecologia de saberes na criação curricular cotidiana e democracia.

Representação
A mesa de abertura do evento contou com a participação das sete entidades promotoras do Poder Escolar: UFPel, Universidade Católica de Pelotas (UCPel), Instituto Federal Sul-Rio-Grandense (IFSul), Secretaria Municipal de Educação de Pelotas, 5ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), 24º Núcleo do CPERS – Sindicato e Conselho Municipal de Educação de Pelotas.

Representando a comissão organizadora, a professora Lígia Cardoso Carlos falou sobre o desejo de que o encontro pudesse ser um espaço de aprendizagem e fortalecimento dos conhecimentos sobre a docência e a escola. “Essa décima terceira edição começou quando, em 2015, lançamos uma proposta pra as escolas de discutirmos as práticas de gestão democrática e de diálogo com as comunidades, para que pudéssemos, de forma colaborativa, compreender as dificuldades e projetar possibilidades”, disse. De acordo com ela, o evento busca contribuir para uma docência com base sólida de conhecimentos – que implica diálogos entre escola e universidade e valorização dos saberes construídos nos cotidianos das salas de aula. Além disso, pontuou, o Poder Escolar está comprometido na defesa de condições dignas de trabalho e remuneração aos profissionais da educação básica.

Presente na solenidade de abertura, a prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas, disse que aposta em eventos que valorizam a troca de experiências, como é o caso do Poder Escolar. A chefe do executivo pelotense mencionou, também, a colocação positiva conquistada pelo município no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) em 2016. “É um orgulho que a nossa rede tenha conseguido esse feito, que é trabalho das escolas. Queremos avaliar práticas pedagógicas, projetos e outras ações para que possamos identificar os aspectos que levaram a isso, para que seja um fator de crescimento contínuo”, disse.

O reitor em exercício da UFPel, professor Luís Isaías Centeno do Amaral, declarou que o Poder Escolar é um evento de extrema importância e está associado com o espírito da Universidade, de parceria e entrosamento com as escolas. “O encontro tem associado a ele palavras fortes, como poder, escola, democracia, integração. Um momento delicado da história do país, como o que vivemos, só se reverte pela conscientização e é com a educação que vamos conseguir um país melhor”, pontuou.

Programação
O Poder Escolar prossegue nesta terça-feira (18), com a mesa de discussão “Reforma do Ensino Médio, Projeto Escola sem Partido e a Pedagogia de Paulo Freire”, às 8h30min, no Theatro Guarany. Serão debatedores os professores Fernando de Araújo Penna (Universidade Federal Fluminense), Russel Teresinha Dutra da Rosa (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e Thiago Ingrassia Pereira (Universidade Federal da Fronteira Sul).