Inteligência coletiva é construída com trocas, diz Turino
Uma das referências no país na idealização e articulação de pontos de cultura, Célio Turino disse, ao palestrar durante o Corredor Cultural do projeto Ponto a Punto, que a inteligência coletiva é construída através de processos como o encontro ocorrido na UFPel, de 8 a 10 de dezembro. O Corredor Cultural, parceria entre a Universidade Federal de Pelotas, o Ministério da Cultura e entidades culturais da sociedade, foi realizado com uma intensa programação que incluiu shows, debates, palestras e roda de conversa. As ações ocorreram principalmente no prédio do Grande Hotel, no centro da cidade.
O Ponto a Punto é uma proposta de internacionalização do Programa Cultura Viva, Pontos de Cultura na América Latina, e integra um processo de fortalecimento e atenção às políticas públicas culturais para zonas de fronteira e intercâmbios culturais.
Turino
Principal orador no evento, Célio Turino abordou, em sua palestra, realizada na manhã do dia 9, diversos aspectos da cultura, tanto brasileira como de outros países, além de fazer um histórico do assunto. O professor foi categórico em afirmar que para que haja transmissão de cultura, há o aniquilamento da cultura de outros povos. Além disso, ele explicou que “para que a cultura aconteça, são necessários tempo (na forma de tradições) e espaço (sendo os territórios)”. Quando tempo e espaço de juntam, há a formação da cultura, afirmou.
O professor, em dado momento, defendeu que a cultura tem como papel principal fazer contraposição ao medo e ao ódio. Ele dividiu com os ouvintes diversas histórias sobre suas andanças pelo mundo tratando de cultura: “Tenho notado que os lugares com a cultura mais potente são aqueles onde as pessoas comem juntas”.
Célio ressaltou a importância do encontro entre pontos de cultura, pois a troca que estava sendo estabelecida no evento era muito necessária, pois “através de vários processos de mão dupla, faz-se a construção da inteligência coletiva”, disse o escritor.
Também durante a palestra, os participantes do encontro tiveram a chance de discutir sobre os rumos dos pontos de cultura, principalmente no Brasil, após a mudança de conjuntura política.
Integração
Com o Corredor Cultural, a proposta foi de fazer um Encontro Internacional de Pontos de Cultura e Coletivos Culturais e trocas de experiências institucionais entre Brasil, Uruguai e Argentina, com cerca de 80 pessoas que debateram perspectivas futuras das políticas culturais para a fronteira. O Projeto Corredor Cultural é uma prática que vem se desenvolvendo entre as cidades brasileiras de Rio Grande, Pelotas, Jaguarão, Porto Alegre e Melo, Rio Branco e Montevidéu há mais de uma década.
O Encontro Ponto a Punto de Pelotas trabalhou na perspectiva de integração cultural em especial entre Brasil e Uruguai e seus agentes culturais, universidades, entes governamentais e da sociedade civil. O encontro articulou agentes principalmente das cidades de Montevidéu, Melo, Rio Branco Jaguarão, Pelotas, Porto Alegre e Rio Grande, na perspectiva de fortalecer e dar corpo a um corredor cultural de atuação permanente.
Além disso, permitiu uma discussão preparatória para o Congresso Latino-Americano de Cultura Viva Comunitária que ocorrerá em Quito, no Equador, em 2017, e também da Rede de Organizações do IberCulturaViva, programa de cultura comunitária no âmbito da OEI com participação de mais 12 países ibero-americanos.
O encontro debateu os desafios da Política Nacional Cultura Viva, e a Rede RS de Pontos de Cultura, envolvendo mais de 40 Pontos de Cultura do Rio Grande do Sul e convidados de outros estados brasileiros.
Para isso, articulou ativistas e artistas do Uruguai, a Direção Nacional de Cultura do Ministério da Educação e Cultura do Uruguai, da Rede Nacional e Estadual dos Pontos de Cultura e de diversos Pontos de Cultura do RS, a Rede Cultura Viva Comunitária do Uruguai – em especial os Pontos de Fronteira -, bem como grupos culturais de Audiovisual, Movimento Hip-Hop, Periferia e grupos de Cultura Afro.
O evento também proporcionou uma rica e diversa mostra cultural que incentivou trocas culturais entre artistas brasileiros e uruguaios, através de oficinas e shows.
O objetivo principal do Encontro, além de promover o intercâmbio e integração latino-americana, foi também dar consequência prática ao Acordo Bi-Nacional firmado entre o Ministério da Cultura do Brasil e do Uruguai em 2010.