Questionário de estudo sobre dor em bebês pode ser respondido até o dia 26
A comunidade pode participar, até o dia 26 de dezembro, de estudo que busca reduzir a dor em recém-nascidos durante procedimentos dolorosos. O questionário, chamado de Seja doce com os bebês durante procedimentos dolorosos, é voltado a pais e profissionais de saúde em contato com recém-nascidos. A participação é importante, pois são estas respostas que orientarão os procedimentos clínicos e a criação de políticas públicas de saúde que serão usados em benefício de todas as sociedades, em todo o mundo, já que resultados do trabalho já foram reconhecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A pesquisa usa, de forma inovadora, o Facebook. Conforme a professora Ana Cláudia Vieira, da Faculdade de Enfermagem da UFPel, o questionário é um método novo de coleta de dados que usa uma ferramenta de mídia social. A docente e pesquisadora está participando do estudo através de um estágio pós-doutoral na Universidade de Ottawa, no Canadá. O projeto de pesquisa é coordenado pela professora Denise Harrison, da Universidade de Ottawa. Na foto, as professoras Ana Cláudia e Denise.
Na página da pesquisa no Facebook, foi colocado também um vídeo, desenvolvido pela professora Harrison e sua equipe de pesquisadores (traduzido em vários idiomas, inclusive o português), onde são mostradas e explicadas três medidas eficazes e de baixo custo para a redução da dor em neonatos durante os procedimentos, que são o aleitamento materno, o contato pele a pele e o uso de soluções adocicadas.
Veja as medidas e responda o questionário em https://www.facebook.com/sejadocecomosbebes/. Desde setembro, mais de 25,7 mil pessoas foram alcançadas nesta página do Facebook.
O vídeo que está sendo disseminado na página foi realizado com a participação dos pais e foi especialmente criado para que eles recebam esta informação importante de como ajudar os profissionais de saúde na redução da dor. Segundo a professora Denise Harrison é uma maneira de “dar voz aos pais” e promover o melhor cuidado aos recém-nascidos durante os procedimentos dolorosos que envolvem injeções.
O estágio de pós-doutorado da professora Ana Cláudia visa, essencialmente, trabalhar na perspectiva da Tradução do Conhecimento, com foco no manejo da dor neonatal. “E por isso estamos avaliando algumas estratégias, neste caso direcionadas aos pais e profissionais de saúde, que permitam levar os resultados das pesquisas ao alcance dos usuários, com o objetivo de promover benefícios”, diz a docente da UFPel. “O uso do Facebook como uma ferramenta de coleta de dados mostrou-se promissor, rápido, de baixo custo e factível”, avaliou a professora.
Seio, pele e açúcar
A pesquisa internacional, que conta com a participação de cientistas brasileiros, está sugerindo as três medidas simples e praticamente sem custo para reduzir a dor em recém- nascidos durante situações comuns, como vacinações e coleta de sangue para exames. O aleitamento materno, o contato pele a pele e o uso de soluções adocicadas, conforme os resultados da investigação, ajudam a diminuir a dor, especialmente em prematuros. A dor nos bebês pode causar efeitos indesejáveis no futuro.
Trata-se de um projeto que vem sendo desenvolvido desde 2013, com a colaboração do grupo de pesquisa da professora Mariana Bueno, da USP. “É uma abordagem desenvolvida por pesquisadores canadenses que considera a necessidade de levar para a prática clínica, tanto no nível hospitalar como da atenção primária, as melhores condutas. Enfim, fazer com que a sociedade, pesquisadores, clínicos, pacientes, gestores e elaboradores de políticas públicas sejam beneficiados pelos resultados dos estudos, considerados de alta qualidade”, observa a professora da UFPel.
Nesse sentido, as pesquisas foram recentemente reconhecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como alinhadas com as recomendações para se reduzir a dor durante as imunizações de recém-nascidos e em outros procedimentos potencialmente dolorosos, como coleta de sangue para exames.
“Tem-se também a evidência dos efeitos maléficos da dor não tratada sobre o cérebro ainda em crescimento dos bebês, principalmente dos prematuros, a médio e longo prazos, com repercussões negativas sobre o comportamento e cognição dessas crianças”, alerta Ana Cláudia.