Violência contra a mulher perpetrada pelo parceiro intimo e suas implicações na prevenção do câncer de colo do útero
Mulheres vítimas de violência praticada pelo parceiro íntimo realizam menos exame preventivo do câncer do colo do útero. Esta foi a principal conclusão do estudo que fez parte da tese de Doutorado Interinstitucional em Epidemiologia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) da aluna Franciele Marabotti Costa Leite.
O trabalho da estudante, orientado pelas professoras Denise Petrucci Gigante, da UFPel, e Maria Helena Costa Amorim, da UFES, utilizou dados de 991 mulheres usuárias de 26 unidades de saúde do município de Vitória, na faixa etária de 20 a 59 anos, que responderam sobre vivência da violência praticada pelo parceiro íntimo, aspectos sociodemográficos, obstétricos, ginecológicos e comportamentais, bem como de saúde em geral.
A primeira parte do estudo descreve a ocorrência e a distribuição dos tipos de violência contra a mulher perpetrada pelo parceiro íntimo e verifica a associação com as características sociodemográficas, história familiar e de vida, além dos aspectos comportamentais. Os resultados apontaram que as violências psicológica, física e sexual foram frequentes e com elevada magnitude entre as usuárias dos serviços de saúde. Determinados fatores sociodemográficos, comportamentais, bem como a experiência pessoal e materna de violência possuem influência na ocorrência do evento.
Já a segunda parte do estudo examinou a associação entre a violência perpetrada pelo parceiro íntimo e a realização do exame Papanicolaou. Os resultados aqui encontrados mostraram que mulheres vítimas de violência realizam com menos frequência o exame preventivo do câncer do colo do útero.
Esses achados estiveram de acordo com a literatura existente e evidenciaram a importância da investigação sobre a violência contra a mulher, considerado como um fenômeno preocupante, não só do ponto de vista social, como com forte impacto negativo sobre a saúde de suas vítimas.
A tese de Franciele será defendida no dia 24 de maio, às 8h30min, auditório do prédio B do Centro de Pesquisas em Saúde Dr. Amílcar Gigante, localizado na rua Marechal Deodoro, 1160. A banca será composta pelas professoras Maria Aparecida Vasconcelos Moura, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Ethel Maciel, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), e Helen Gonçalves, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).