Universidade Mais Humana: Desperdício

A Universidade Federal de Pelotas está cada vez mais caminhando em direção à valorização da vida. Nesta série de matérias de boas-vindas ao ano letivo, serão apresentadas práticas, histórias de vida e maneiras de colaborar para que tenhamos cada vez mais uma instituição de ensino superior comprometida com a vida e mais humana.

Estão sendo abordados temas como racismo, homofobia, xenofobia, violência contra a mulher, AIDS e Doenças Sexualmente Transmissíveis, Alcoolismo e Drogas, Solidariedade, Cuidado com os Animais, Desperdício, Trote Solidário e Sustentabilidade.

São os estudantes, os professores e os servidores que fazem a UFPel ser o que ela é – e tornar-se tudo o que pode ser. Ao acolher sua comunidade acadêmica, a Universidade Federal de Pelotas deseja que cada um possa fazer de 2016 uma oportunidade para construir uma universidade mais humana.

UFPel propõe ações de combate ao desperdício

O desperdício, de modo geral, é todo e qualquer recurso que se gasta na execução de um produto ou serviço além do estritamente necessário. São as despesas extras em matéria-prima, materiais, tempo e energia que, no final, vêm a ser um gasto duplicado para órgãos, empresas ou cooperativas, sem trazer quaisquer tipos de melhorias para o cliente. Na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), ações de combate ao desperdício focam, especialmente, nas questões alimentar e de energia.

O desperdício de alimentos é uma variável constante no país. Mais de 1,3 bilhões de toneladas vão para o lixo anualmente. Dentre eles estão talos, cascas e alimentos que estragaram antes mesmo de serem cozidos, encaixotados e ainda os alimentos que sobram dos pratos, também conhecidos como restos.

Para combater esses números alarmantes, o Restaurante Escola da UFPel promove campanhas anuais de conscientização junto aos estudantes. Dentre eles estão o projeto Resto Ingesta, criado em 2008 pela coordenadora e nutricionista do Restaurante, Moema Zambiazi e que recebe a colaboração dos estagiários do curso de Nutrição. O projeto tem como objetivo chamar a atenção dos estudantes para a grande quantidade de alimentos desperdiçados, que já chegou à margem de 300 mil quilos mensais.

Com o projeto, os restos dos pratos são pesados um a um e o número total de sobras corresponde ao número de alimentos colocados em uma mesa central no Restaurante, para exemplificar o volume desperdiçado. Os alimentos que poderiam ser aproveitados por outras pessoas vão se acumulando, formando mesas carregadas e assim, gerando um grande impacto para os frequentadores do RE. Das edições realizadas, o projeto conseguiu alcançar o objetivo: o peso em relação aos restos dos pratos teve uma diminuição considerável, de 25 mg para 13 mg por pessoa.

O segundo projeto que está sendo desempenhado pelo RE visa à diminuição do uso adicional de tempero (sal, pimenta e molho shoyo). Segundo a coordenadora, os números preconizados para cada pessoa chegaram a triplicar antes dessa iniciativa. Conversas, banners informativos e as próprias campanhas de conscientização fizeram com que esses números também diminuíssem. A proposta é importante para o Restaurante, pela diminuição de custos, e ainda mais para o estudante, pois trata-se de priorização da saúde.

Outro tipo de desperdício que ocorre muito no Brasil é o energético. Visando esta baixa dentro da Universidade, foi criado em 2006 o Programa de Bom Uso Energético, mais conhecido como Proben. O objetivo desse programa, como o próprio nome já diz, é usar a energia de modo correto e eficiente. Fazer o controle das faturas de energia elétrica, buscar formas racionais da utilização dessa energia, natural ou artificial e, assim, reduzir os custos inerentes.

O Programa já apresentou uma redução no dispêndio de energia da Universidade em cerca de R$ 3 milhões, desde a sua implantação. E essa economia fez com que não se repassassem para concessionárias terceirizadas os recursos financeiros que podem ficar para a Universidade. Os percentuais economizados são aplicados na própria eficiência energética, na gestão dos contratos de energia e na publicidade do Programa (nome, logo, material para divulgação e palestras explicativas).

O objetivo principal agora é a redução do consumo de energia dentre as Unidades. O coordenador da Proben, Antônio César Baptista, diz acreditar que a comunidade precisa tomar consciência de que os recursos poupados ficam para a própria Universidade. E, para estimular essa redução, foram pensadas premiações e bonificações, nas quais parte dessa redução de energia retorna como benefício financeiro para a unidade utilizar da forma que achar conveniente. E a outra parte da redução vai para o “banco de economia”, que mais tarde se transforma em prêmios pagos para as unidades que tiverem uma redução progressiva de economia.