Doutoranda representa UFPel na Antártica
A coleta de macroalgas em um ambiente severo para possibilitar desde o conhecimento sobre sua biodiversidade até suas aplicações fez parte da rotina da doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Bruna Pacheco. Ela passou pouco mais de um mês na Antártica, com a missão de contribuir no desenvolvimento do projeto “Biodiversisdade, monitoramento, estratégias de sobrevivência e prospecção de macroalgas extremófilas da Antártica Marítima”. O projeto é coordenado pelo Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) e tem a participação de diversas universidades, dentre elas a UFPel.
O projeto é um dos que atuam na Antártica desde a Missão OPERANTAR 29 (2010/2011). Hoje, na 34º Missão, seus participantes estiveram presentes nas fases 2, 3 e 4 realizando coletas de macroalgas para atender aos diversos objetivos desde o conhecimento sobre a biodiversidade de macroalgas e sua fauna associada até análises químicas para caracterização e aplicação no desenvolvimento de cosméticos com fotoproteção e novos fármacos com fins antiparasitários e antitumorais, por exemplo.
Bruna desenvolveu a pesquisa a bordo do Navio Polar Almirante Maximiano (H41), carinhosamente chamado por civis e militares de “Tio Max”. Ao chegarem a uma ilha de interesse para coleta das macroalgas, os pesquisadores deslocam-se de bote até a praia, onde é realizada a coleta do material. Logo após, as macroalgas são trazidas para bordo, onde há um laboratório para realizar a triagem e identificação do material coletado. As macroalgas são então mantidas congeladas até o regresso do navio ao Rio de Janeiro, entre março e abril, onde o material é retirado e distribuído aos colaboradores do projeto, que realizam diversas análises. De acordo com Bruna, o material que vai para a UFPel, por exemplo, é utilizado para análises de metais e lipídeos, e também são avaliadas quanto a seu potencial efeito citotóxico em células tumorais.
As vindas de pesquisadores ao continente Antártico e às suas ilhas só ocorre nos períodos de primavera e verão em que se tem praticamente 24 horas de luz e temperaturas mais amenas, próximas a 0o C. “São muitos os desafios encontrados por aqui, tanto emocionais quanto físicos”, relata Bruna. Isso envolve desde o isolamento a bordo durante aproximadamente um mês, até a adaptação às vestimentas, o frio e o desembarque do navio, feito por uma escada de corda até o bote de apoio. “Além disso, durante o trabalho de coleta há muito contato com água, com temperaturas que variam entre -3°C e 2°C nessa época do ano”, conta.
Preparação
Após ser selecionada, por indicação dos colaboradores do projeto, Bruna participou, durante uma semana, do Treinamento Pré-Antártico, coordenado pela Marinha do Brasil e realizado na Ilha da Marambaia, localizada no Rio de Janeiro. Nele, são apresentados todos os aspectos em relação à Antártica, como as adversidades que serão encontradas, as vestimentas adequadas e os cuidados que se deve tomar. Além disso, também são realizados testes físicos e são exigidos exames clínicos, a fim de garantir a integridade física dos participantes durante sua permanência na Antártica.
Equipe
O projeto é coordenado pelo professor Pio Colepicolo, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP). Pela UFPel, atuam no projeto como pesquisadores os professores Claudio Pereira e Márcia Mesko.
Na fase atual da expedição – Fase 4 -, estiveram com Bruna os pesquisadores Jonatas Martinez (IBT – Instituto de Botânica de São Paulo), Eliezer Stefanello (IQ-USP – Instituto de Química da Universidade de São Paulo), Beatriz Castelar (FIPERJ – Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro), Paulo Antunes Horta Jr. (UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina) e Mayara Lúcia Del Cistia (FCFAr-UNESP – Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara, Universidade Estadual Paulista).
PROANTAR
O Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR) é um programa interministerial que envolve o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o Ministério de Defesa Nacional (MDN), dentre outros, e já existe há 34 anos. Através desse programa, diferentes grupos de pesquisa no Brasil – cujos projetos são contemplados por um edital específico lançado periodicamente pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) -, realizam pesquisas em diferentes áreas do conhecimento na Antártica com suporte logístico da Marinha do Brasil.