Veterinária orienta comunidade sobre zoonose com origem em cães e gatos
Doença pode chegar a humanos pelo consumo de rãs e peixes crus ou mal passados
O Projeto Dioctophyma renale em cães e gatos (PRODIC), do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a partir deste semestre, dá início, nos bairros de Pelotas, ao serviço de orientação a respeito do nematóide Dioctophyma renale. De ocorrência mundial, este verme atinge o rim de animais domésticos, sendo cães errantes e de hábitos alimentares pouco seletivos os mais frequentemente atingidos.
Josaine Rappeti, professora coordenadora do PRODIC, conta que o projeto existe desde 2012, mas agora que houve a necessidade de levar este tipo de informação para as escolas e famílias pelotenses. “Estamos em uma área de risco, localizados perto de uma grande bacia hidrográfica e com muitos cães errantes e semidomiciliados pela cidade, estes fatores aumentam as chances de encontrar este verme”, relata Josaine.
Contaminação
A transmissão da doença para humanos não acontece diretamente através destes cães e gatos contaminados. A coordenadora explica que o animal infectado elimina os ovos deste verme na urina, que quando em contato com a água, por isto a preocupação com a Lagoa dos Patos, são ingeridos por minhocas aquáticas. Estas minhocas presentes em lagoas são engolidas por rãs e peixes que, quando consumidos crus ou mal passados por humanos, transmitem estes vermes.
Sendo uma zoonose, ou seja, a transmissão acontece através dos animais ao homem, nenhum medicamento é eficaz no tratamento deste verme, sendo a cirurgia a única solução. Como normalmente os animais contaminados pela doença estão em situação frágil, vivendo nas ruas, é difícil a identificação da doença, pois normalmente não há quem repare nestes animais. Em cães, os sinais de contaminação são urina com sangue, dor lombar, emagrecimento e apatia. Em gatos pode ocorrer obstrução uretral, pois o verme destrói o rim, mesmo órgão afetado quando a doença é manifestada em humanos.
O projeto
A doença não é novidade para o PRODIC que em 2012 atendeu diversos casos no Hospital de Clínicas Veterinárias da UFPel. Através destas ocorrências o projeto percebeu então que o número de casos estava aumentando, com evidências de ser um problema de saúde pública, tornando atualmente estas orientações realidade.
Pâmela Caye, estudante do curso de Medicina Veterinária, conta que foi justamente esta preocupação social que a fez ter vontade de fazer parte do PRODIC no início deste ano. A estudante relata que ter a oportunidade de acompanhar a rotina clínica e cirúrgica dos animais no Hospital de Clínicas Veterinárias da UFPel está sendo essencial para o seu desenvolvimento profissional, mas a experiência de interagir com a sociedade é também muito gratificante. “Desde sempre o médico veterinário é visto como um profissional que cuida exclusivamente dos animais, porém esta visão já é ultrapassada. Vemos aqui que temos o dever de cuidar tanto dos animais quanto das pessoas, orientando e alertando corretamente na prevenção e tratamento da dioctofimose”, relata a estudante. Pâmela ainda acrescenta que ter a experiência de levar este tipo de orientação para as escolas é uma oportunidade única, onde será possível também aprender ao informar a população.
O grupo se reúne semanalmente, tendo já um número fechado de estagiários, mas conforme a necessidade novas vagas serão abertas. Buscando a multidisciplinaridade, o projeto também está sempre em busca de novos cursos que possam agregar as atividades desenvolvidas. Interessados em saber mais sobre o PRODIC podem entrar em contato pelo email prodicufpel@gmail.com.