Comunidades quilombolas avaliam processo seletivo específico
Após o processo seletivo específico para quilombolas e indígenas, uma das conquistas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) neste ano, as comunidades interessadas seguem o diálogo para aprimorar o procedimento. No dia 18, representantes do Núcleo de Ações Afirmativas e Diversidade (NUAAD), da Coordenação de Ações Afirmativas e Políticas Estudantis (CAPE), estiveram reunidos com 11 comunidades quilombolas, que fizeram suas considerações e observações a respeito do assunto.
O encontro ocorreu em Canguçu, no Cine Teatro 27 de Junho Professor Antônio Joaquim Bento. A chefe do Núcleo de Ações Afirmativas e Diversidade (NUAAD) da UFPel, professora Georgina Lima Nunes, o professor Marcus Vinícius Spolle e os estudantes de Antropologia, Amanda Oliveira, e História, Matheus Silva, participaram do encontro. Marcaram presença as comunidades quilombolas Passo do Lourenço, Vó Elvira, Potreiro Grande, Cerro da Boneca, Alto do Caixão, São Manoel, Favila, Filhos do Quilombo, Armada, Cerro das Velhas e Iguatemi.
Além de avaliarem o primeiro processo seletivo, realizado em agosto, o grupo pôde tecer considerações de perspectiva a respeito do próximo.
De acordo com Georgina, o formato do processo foi elogiado. Como intenção de futuro, uma das sugestões diz respeito aos critérios de documentação, que possam cada vez mais assegurar o pertencimento quilombola e indígena dos candidatos. Ao mesmo tempo, o grupo avaliou como necessária a discussão mais forte nas comunidades sobre as vagas. “Eles [as comunidades] querem prosperar e isso se dá através de pessoas que entendem esse contexto e se comprometem com ele”, salientou Georgina, observando que o retorno à comunidade, por parte do futuro profissional, pode se dar de diversas maneiras.
A oferta de cursos deverá ser reavaliada, já que foram as próprias comunidades que apontaram as graduações mais necessárias para seu desenvolvimento. O fortalecimento da luta conjunta entre quilombolas e indígenas, de modo que a prática seja consolidada como política institucional também foi evidenciada. “As comunidades pensam em se aproximar cada vez mais da Universidade, também com parcerias para cursos que possam instrumentalizá-los melhor”, adiantou a professora, mencionando como exemplo cursos preparatórios para processo seletivo.
De acordo com Georgina, outras pautas que surgiram na reunião, como, por exemplo, a fundação de uma cooperativa, reforçaram a necessidade de profissionais qualificados dentro da própria comunidade. “Foi reafirmada a importância de estar na Universidade”, disse.
Conquista
Quatro candidatos quilombolas e quatro indígenas foram selecionados para os cursos de Medicina, Medicina Veterinária, Pedagogia, Enfermagem, Agronomia, Odontologia, Educação Física e Administração. Todos os 42 candidatos inscritos participaram das duas etapas de seleção: prova de redação e apresentação de memorial descritivo.