Trotes serão pauta na reunião do CONSUN
Administração da UFPel reforça combate a trotes violentos e ofensivos
O trote tem sido assunto de mobilização entre administração, diretores e estudantes da UFPel. O conhecido ritual de entrada dos calouros na universidade que causa constrangimento, humilhação ou agressão física, moral ou psicológica aos ingressantes nos cursos de graduação, os chamados bixos, é vetado pela administração há dois anos e agora entra na pauta do Conselho Universitário para regulamentação de medidas de fiscalização e, até mesmo, punição.
No decorrer dos dois anos da atual gestão, várias campanhas publicitárias foram desenvolvidas, aliadas a outras medidas junto às unidades acadêmicas, seus diretores e professores na intenção de coibir a prática de trotes violentos, ofensivos e discriminatórios e incentivar os trotes com atividades educativas, solidárias e festivas que tenham por objetivo promover a integração, de forma sadia, do calouro com a comunidade acadêmica e o novo ambiente que entra em sua rotina.
As medidas tornam-se necessárias devido, também, aos trotes que acontecem fora dos espaços da UFPel e que acabam prejudicando outras atividades na cidade, como as aulas na Universidade Católica de Pelotas (UCPel). A Instituição encaminhou carta à Reitoria da UFPel e a diretores de alguns cursos pedindo apoio no controle das brincadeiras realizadas pelos veteranos, especialmente nos arredores da Instituição.
Reunião com os diretores
No dia 17 de março, o reitor Mauro Del Pino reuniu-se com os diretores das Faculdades de Agronomia, Manoel Moraes,e Odontologia, Adriana Etges,e com a vice-diretora da Faculdade de Nutrição, Elizabete Helbig. Estas unidades receberam correspondência da UCPel sobre a participação de estudantes de cursos dessas unidades em atividades de trote vexatório em frente ao Campus I daquela universidade, solicitando medidas visando evitar os transtornos que essa prática tem causado às atividades acadêmicas e administrativas daquela universidade.
Durante a reunião foi discutido o conteúdo do memorando da UCPel e acordadas as respostas que serão endereçadas àquela reitoria. Também foram debatidas medidas visando dar cumprimento ao Memorando da reitoria da UFPel que proíbe o trote violento e vexatório e informa a proibição dessa prática na cidade de Pelotas, coibida através de Lei Municipal. Para tanto, os Diretores ficaram de reunir os estudantes dos três primeiros semestres de seus cursos e realizar uma atividade educativa, reiterando a proibição do trote vexatório ou violento e incentivando a recepção dos calouros através de atividades solidárias por parte dos veteranos. Tendo em vista a prática do trote vexatório não estar restrita aos estudantes dessas Faculdades, o reitor Mauro Del Pino propôs apresentar esse problema ao Conselho Universitário a fim deste regular o trote na UFPel através de uma Resolução específica, que incentive seu caráter solidário e regulamente as punições em casos de abusos.
Memorando
Em fevereiro, a Reitoria da UFPel enviou memorando às direções de unidades acadêmicas vetando completamente qualquer ação que possa ser caracterizada como trote que cause constrangimento, humilhação ou agressão física, moral ou psicológica aos estudantes que estão ingressando. No documento, a Administração Superior orienta que a recepção aos calouros deve ser realizada com atividades educativas, solidárias, tolerantes e festivas.
No memorando, a Reitoria lembra que está em vigor Lei Municipal que proíbe o trote na cidade. Na lei consta a proibição de ofensas e constrangimentos às integridades físicas, moral, psicológica e a exposição que leve ao ridículo. A legislação segue a Constituição Federal, que determina que o Estado seja responsável pelas integridades físicas, moral, psicológica e pelo direito de ir e vir do cidadão.
O memorando pode ser acessado neste link.
CONSUN
Nesta sexta-feira (27), o tema será ponto de pauta da primeira reunião do ano do Conselho Universitário. O objetivo é construir meios de fiscalização e até mesmo punições para garantir a segurança dos estudantes e acabar com constrangimentos e humilhações causados pelas brincadeiras praticadas.
Iniciativas no Congresso Federal
As soluções para o problema não se restringem somente a escalas locais. Tramitam no Congresso Nacional, especialmente no Senado Federal, propostas de leis que tratam a prática do trote abusivo. Quatro projetos com essa finalidade começam a tramitar na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), para exame em conjunto. A intenção é criminalizar a prática do trote estudantil “violento ou vexatório”. Podem ser punidos alunos de universidades públicas e privadas, e, ainda, estudantes de academias e estabelecimento de ensino ou treinamento militar, inclusive quartéis.