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Um Núcleo voltado à inclusão

minicurso-prof-libras-2 mini-curso-tils-3-424x238 Através do Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI) da UFPel, estudantes, técnicos e docentes com necessidades especiais ganham inclusão na comunidade acadêmica. O Núcleo fica no Campus Porto (antigo Anglo) e conta com tradutores e intérpretes, além de um programa de tutores. Com a coordenação de Karina Pereira, o NAI trabalha com a Pró-Reitoria de Graduação (PRG) e com a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE), atualmente auxiliando entre 20 e 30 alunos com diferentes necessidades.

Núcleo de Tradução

O NAI tem hoje nove tradutores/intérpretes, estando oito deles em atividade. No início de cada semestre, é feita a solicitação dos profissionais para acompanhar as disciplinas em que haja alunos surdos. De acordo com a demanda, trabalham em qualquer turno e em todos os campi da UFPel. Além dos alunos, dois professores surdos que dão aula de libras recebem atendimento, no caso de precisarem de algum curso específico, por exemplo.

A chefe da seção de intérpretes, Juliana dos Santos, conta que o trabalho é cansativo e que exige esforço físico e mental. Portanto, os intérpretes trabalham em duplas, se revezando a cada 20 minutos em eventos com mais de 40 minutos. Há uma diferença entre o trabalho do tradutor e do intérprete, sendo este último feito imediatamente à fala, e aquele podendo ser mais elaborado e pensado com tempo para escolher os termos mais adequados. Para auxiliar no trabalho de interpretação, os profissionais recebem dos professores informações sobre as aulas que serão dadas.

O aluno Jean Michel, das Ciências Sociais, é surdo e acredita que a acessibilidade e a inclusão ainda estão distantes da UFPel. Um dos motivos que ele aponta é que há professores que ainda não estão preparados e capacitados para promover a inclusão. Ele critica que a grade das licenciaturas geralmente inclui a disciplina obrigatória de Libras próximo ao final do curso, o que faz com que os alunos surdos convivam com alunos que não conhecem a língua durante muito tempo. Porém, ressalta a competência e sensibilidade de Karina para gerir o núcleo.

Juliana comenta que sua profissão está sendo cada vez mais valorizada na sociedade e na UFPel. Atualmente, existe uma luta pela exigência do nível E (ensino superior) para exercer o trabalho de intérprete. Na UFPel, todos os intérpretes já são graduados ou estão prestes a se formar. Para ela, desenvolver este trabalho é uma questão de direitos humanos.

Para 2015, já está nos planos um projeto para a interpretação de documentos institucionais, através de vídeos, além de maior orientação aos professores em geral. A continuidade do trabalho visa dar a devida importância à acessibilidade comunicacional, exercendo o papel da universidade.

Projeto de tutores

O chamado Projeto Piloto de Acompanhamento de Alunos com Necessidades Especiais é uma parceria entre o NAI e o Núcleo de Apoio Psicopedagógico (NUPAD), e atende garantindo uma bolsa de 400 reais para auxiliar na permanência dos mesmos. Também trabalha com tutores que auxiliam os alunos com a agenda e estudos, sendo geralmente acadêmicos do mesmo curso, ou de algum com cadeiras compatíveis.

O trabalho tem se mostrado de grande importância para pessoas como Jackeline Berger. A aluna do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PROGRAU) havia perdido todos os movimentos do pescoço para baixo após uma intervenção cirúrgica. Foi com o auxílio de sua tutora Vanessa Forneck que ela pôde seguir a dissertação do mestrado. Hoje, Jackeline já recuperou parte dos movimentos, mas continua precisando de ajuda no trabalho de campo. “Durante o decorrer do tempo, muito mais que um auxílio físico tive um grande apoio emocional por parte da Vanessa. Ela tem sido incansável na luta pelo término da dissertação, assim como por minha recuperação. Sou extremamente grata a todos pela colaboração. Sem esta ajuda, continuar não teria sido possível”, conta a arquiteta.

Carlos Roger Bartel cursa Bacharelado em História e também recebe auxílio de um tutor, além de uma bolsa. O aluno conta que suas notas aumentaram desde que entrou para o projeto. “Além de interagir com outras pessoas com necessidades especiais, me sinto grato por poder ajudar e ser ajudado”, conta o bolsista, ressaltando que o projeto sempre será importante para ele.

Para a assistente administrativa Mirian Bohrer, percebe-se uma melhora na auto-estima do aluno, que se torna mais aceito e integrado. Ela diz que o trabalho é nobre e gratificante, mas que ainda há preconceito na universidade.

Mirian conta que atualmente quatro alunos recebem auxílio de tutores, sendo que ambos devem fazer relatórios de frequência. Para que a carga horária não seja muito pesada, o número de disciplinas cursadas por semestre é controlado. Já foram realizados seminários durante 2014 com o objetivo de orientar e preparar os professores para receber os alunos especiais adequadamente nas aulas, e o projeto deve continuar sendo ampliado.

O NAI já esteve à frente de conquistas como cadeiras de sala de aula para obesos e um VPad comprado pelo Projeto Incluir do MEC, através da parceria entre a ProPlan e PraInfra.

A coordenadora Karina Pereira fala que a importância do núcleo está no direito à educação superior. “Não existe deficiência no sentido de incapacidade. Existe uma diferença que precisa ser respeitada.”

Como o NAI não consegue ir atrás dos alunos especiais, a recomendação para os que tiverem interesse em participar do Projeto Piloto de Acompanhamento de Alunos com Necessidades Especiais é ficar atentos para a abertura de editais ou procurar o NAI diretamente, tanto os alunos com necessidades especiais quanto quem quer ser tutor. O mesmo vale para quem precisa dos intérpretes e tradutores.

Para mais informações sobre o núcleo, acesse o site http://wp.ufpel.edu.br/nai/ .

Publicado em 23/02/2015, na categoria Notícias.