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Gráfico da evolução temporal do coronavírus – Atualização de 31.03.2020

A primeira figura apresenta uma atualização dos casos diários de coronavírus no estado do RS. Hoje tivemos 33 novos casos, atingindo um total de 274 infectados.

A INFLUÊNCIA DO PERÍODO DE ISOLAMENTO NO CONTROLE DA EPIDEMIA

Conforme a epidemia progrediu, muitos países ao redor do mundo, iniciando com a China, tentaram implementar procedimentos de isolamento/quarentena para tentar conter a propagação do vírus. Essas medidas se mostraram impopulares devido às suas conseqüências sociais e econômicas. Por isso é importante entender o efeito que elas têm para impedir a propagação da epidemia.

No modelo epidemiológico SIR (Suscetível-Infectado-Recuperado), temos um parâmetro que é a taxa básica de reprodução da doença (Rₒ) e sempre que esta taxa for menor do que 1, a epidemia começa a decair. Parte da literatura considera que a COVID-19 tem um valor de R0 de 2,6, e considera um período de infecção de 5,2 dias.

Considera-se uma cidade hipotética com 300.000 habitantes. Sem procedimentos de isolamento/quarentena, tem-se em torno de 80.000 infectados no pico, 45 dias após o início da epidemia.

Iniciando um isolamento 30 dias após a confirmação dos primeiros casos de infecção:

  • Supondo um cenário em que um quarto da população (25%) fique em isolamento. Desta forma o pico de infectados acontece 50 dias depois do início da epidemia, 5 dias depois do caso sem isolamento. Nesta situação tem-se em torno de 47.000 infectados no pico, 33.000 a menos do que no caso sem contenção.
  • Se o cenário mudar e metade da população (50%) ficar em isolamento. O pico de infectados acontece 55 dias depois do início da epidemia, 10 dias depois do caso sem isolamento, e 5 dias depois do caso com 25% da população em isolamento. Nesta situação tem-se em torno de 13.000 infectados no pico.
  • Ainda, se 75% da população ficar em isolamento, o pico de infectados acontece no mesmo dia do início da contenção, pois temos um R0 menor do que 1 e a trajetória decai. Se tivermos uma população perfeitamente isolada (100%), o pico da epidemia ocorre junto com o início da contenção e decai rapidamente. Nestes últimos casos o pico de infectados é de aproximadamente 6.500 pessoas.

Iniciando um isolamento 35 dias após a confirmação dos primeiros casos de infecção:

  • Se 25% da população ficar em isolamento: O pico de infectados acontece 46 dias depois do início da epidemia, em torno de 51.000 infectados no pico.
  • Se 50% da população ficar em isolamento: O pico de infectados acontece 42 dias depois do início da epidemia, tem-se em torno de 25.000 infectados no pico.
  • Se 75% e 100% da população ficarem em isolamento, o pico de infectados acontece no mesmo dia do início da contenção, e decai rapidamente, com 23.000 infectados no pico.

Comparando os 2 cenários (início do isolamento com 30 ou 35 dias), percebe-se uma diminuição no valor do pico de infectados para isolamento mais precoce (achatamento da curva), além de um deslocamento para a direita no eixo temporal.

Nossa próxima análise focará na influência da quebra precoce do isolamento no desenvolvimento da epidemia.

 

Responsáveis: Glênio Aguiar Gonçalves, Régis Sperotto de Quadros e Daniela Buske

Laboratório GDISPEN (Grupo de Dispersão de Poluentes & Engenharia Nuclear), Programa de Pós-Graduação em Modelagem Matemática (PPGMMat), Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

 

Publicado em 01/04/2020, na categoria Notícias.
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