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Trajetória científica na UFPel é reconhecida pelo Centro Internacional de Pesquisa sobre Mulheres

O trabalho de pesquisa desenvolvido pela estudante de pós-doutorado da UFPel Carolina Coll, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), venceu a edição 2023 do prêmio Paula Kantor. O reconhecimento é concedido pelo Centro Internacional de Pesquisa sobre Mulheres (ICRW, na sigla em inglês), organização sem fins lucrativos com sede nos Estados Unidos.

O Centro destina o prêmio anualmente em homenagem à memória da especialista em gênero Paula Kantor, que morreu após um ataque terrorista em Cabul (Afeganistão), em maio de 2015. A outorga amplia a visibilidade de pesquisas focadas nos direitos das mulheres, meninas e populações marginalizadas, fomentando iniciativas voltadas para o desenvolvimento internacional.

Carolina Coll conduz estudos em torno das desigualdades de gênero e da violência contra a mulher, em especial em países de baixa e média renda. A pesquisadora monitora a violência em mais de 40 países, com ênfase na identificação das parcelas mais vulneráveis da população feminina. Ela também investiga os impactos da violência doméstica na saúde da mulher e no desenvolvimento de filhas e filhos.

Seus estudos receberam apoio financeiro da agência filantrópica britânica Wellcome Trust. Atualmente, a pós-doutoranda da UFPel atua no Centro Internacional de Equidade em Saúde e no Centro de Pesquisas em Desenvolvimento Humano e Violência, ambos ligados ao Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da UFPel.

Violência contra a mulher: um problema global

Um dos artigos de autoria da pesquisadora, publicado em 2019 na revista médica britânica sobre saúde global (British Medical Journal Global Health) destaca que a violência contra a mulher é um fenômeno frequente em todos os estratos sociais, sendo particularmente alto entre as mulheres pobres e menos escolarizadas. “É surpreendente ver que a violência contra a mulher é generalizada, com proporções que variam de 10 a 40% de mulheres expostas à violência. E sabemos ainda que essas estatísticas tendem a ser subestimadas, por conta dos entraves sociais que impedem a denúncia da violência”, alerta.

Impacto da violência entre gerações

Além de mapear a prevalência da violência de gênero em mais de 40 países, a pesquisadora de pós-doutorado da UFPel também investiga os efeitos desse fenômeno entre gerações. No contexto da violência doméstica, seu trabalho tem mostrado como a agressão sofrida por mulheres pode afetar as interações com suas filhas e filhos.

Em recente artigo na Lancet Global Health, a autora demonstra que mulheres expostas à violência tendem a ter atitudes mais severas com suas filhas e filhos. Ela salienta que é preciso cuidado ao discutir este fato, para evitar que as vítimas de violência doméstica sejam estigmatizadas ou condenadas. Em conteúdo de áudio (podcast) para revista responsável pela publicação, a autora explora a questão, pontuando os riscos de estigmatização das mulheres vítimas de violência.