Início do conteúdo

Dia do Bioma Pampa: UFPel discute caminhos para a sua conservação

No dia 17 de dezembro, é comemorado o Dia do Bioma Pampa. A data é uma homenagem ao aniversário do ambientalista gaúcho José Lutzemberger, falecido em 2002, reconhecido nacionalmente pelo seu papel na luta pela preservação ambiental, sobretudo o bioma Pampa.

Aproveitando as proximidades com a data, na última segunda-feira (12), a UFPel realizou um seminário interno de sustentabilidade e projetos de fronteira, no qual foi abordado entre os participantes o tema da patrimonialização do Pampa.

Tramita no Congresso Nacional proposta de emenda constitucional (PEC), de nº 005/2009, que visa transformar os biomas Pampa, Cerrado e Caatinga em patrimônio nacional. No caso do Bioma Pampa, os benefícios almejados incluem a preservação do seu patrimônio histórico, do conhecimento popular, das tradições campeiras, das crenças e de diversos hábitos, receituários e costumes locais.

Levando em conta todos esses aspectos, o pró-reitor de Extensão e Cultura da UFPel, Eraldo Pinheiro, ressalta que esse tema é extrema importância para nossa população, tendo em vista a importância ambiental, social, histórica e econômica do bioma.

Durante o seminário, também foi discutida a questão do Pampa sul-americano, já que o bioma também está presente em mais outros três países além do Brasil. Com o objetivo de preservar não somente o Pampa gaúcho, mas sua restante extensão, a UFPel, junto com outras instituições gaúchas, como as Universidades Federais do Pampa (Unipampa, de Rio Grande (FURG) e de Santa Maria (UFSM), estão avançando no diálogo com universidades da Argentina, Uruguai e Chile. “É uma temática que está no nosso radar, estamos bastante envolvidos nessa questão”, afirmou Eraldo.

Além disso, durante o evento, foi estabelecida reunião com o Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) e o Ministério do Meio Ambiente, que ocorrerá em breve, para avançar na patrimonialização do Bioma aqui no Brasil.

Bioma Pampa

Ocupando 63% do território do Rio Grande do Sul, o Pampa é um bioma de caráter exclusivo no Brasil, sendo encontrado somente no estado do RS. Também abrange grande parte do território da Argentina e do Uruguai e uma pequena parte do Paraguai. Apesar da sua extrema importância para a região, o Pampa foi reconhecido como bioma somente no ano de 2004. Este fato contribuiu para a não conservação do bioma: de acordo com o Ministério do Meio Ambiente, em relação às áreas naturais protegidas no Brasil, o Pampa é o que menor tem representatividade no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), representando apenas 0,4% da área continental brasileira protegida por unidades de conservação.

Com boa parte do bioma desprotegido, o impacto das ações humanas vem chegando com cada vez mais força ao Pampa. A expansão da atividade agrícolas, mineração, ocupação de espécies exóticas, caça ilegal, entre outros fatores, são alguns exemplos que contribuem para sua degradação, colocando-o em risco juntamente com todas as suas espécies de plantas e animais.

Ainda segundo o Ministério do Meio Ambiente, o Pampa é o segundo bioma mais devastado do Brasil, com apenas 36% da sua vegetação nativa original. Por ser considerado o menor bioma país, muitas pessoas não enxergam seu devido valor. Entretanto, o Pampa executa uma série de funções que podem beneficiar o ecossistema. Por exemplo, o Pampa absorve carbono da atmosfera, por meio de seus campos, o que ajuda no combate às mudanças climáticas, e realiza o controle da erosão do solo. Com a rápida degradação do Bioma, essas funções podem ficar comprometidas, causando prejuízos.

Além disso, com o avanço rápido da transformação do Bioma, diversas espécies de plantas e animais, muitas endêmicas, ou seja, encontradas somente em uma região, entram para a lista de extinção, o que pode comprometer o desenvolvimento sustentável da região e causar um grande desequilíbrio no ecossistema regional.