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Pesquisadora da UFPel recebe prêmio por trabalho sobre sono

Pesquisa inovadora explorou relações entre predisposição genética e características do sono em estudo populacional com adolescentes brasileiros

A pesquisadora Marina Xavier Carpena, do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas, recebeu o prêmio New Investigator Award (Prêmio Jovem Pesquisador, em tradução livre), concedido pela comissão científica do World Sleep Congress (Congresso Mundial sobre o Sono), que aconteceu de 20 a 25 de outubro na cidade do Rio de Janeiro (RJ).

O destaque à autora teve por base o trabalho que investiga a intrincada relação entre genética e padrões de sono em adolescentes brasileiros. É a primeira pesquisa do gênero a combinar dados genéticos com informações sobre o sono coletadas por acelerômetros em um universo de 3052 adolescentes brasileiros, participantes do estudo longitudinal de coorte de nascimentos de 2004 em Pelotas.

O estudo indicou que conjuntos de genes detectados em amostras de adultos europeus podem ser efetivamente usados para prever a duração do sono em adolescentes brasileiros de 11 anos. Foram levados em consideração 307.477 marcadores genéticos, reforçando a natureza poligênica do sono, cujas características são determinadas por múltiplos genes.

Na vanguarda dos estudos nesta área, a pesquisa também indicou uma correlação – conhecida como “pleiotropia” – entre a duração do sono e o Índice de Massa Corporal (IMC). Esta relação pleiotrópica sugere que certos genes podem influenciar tanto a duração do sono quanto o IMC simultaneamente, ampliando a compreensão das conexões entre duração de sono e a propensão a excesso de peso ou obesidade.

Além disso, a pesquisa trouxe à tona uma possível ligação entre estresse e má qualidade do sono. A análise de dois marcadores genéticos relacionados ao nível de cortisol – conhecido como o “hormônio do estresse” – mostrou efeitos significativos na determinação da eficiência do sono, uma medida utilizada para avaliar quão bem uma pessoa dorme. Isso evidencia que os genes que regulam o estresse também podem influenciar a qualidade do sono.

“Estes novos dados enfatizam a complexa interligação genética entre sono, composição corporal e estresse “, comenta a pesquisadora.

A premiação, segundo Carpena, deve-se não apenas à natureza inovadora do estudo, mas igualmente à sólida trajetória de pesquisa e conquistas alcançadas pelo grupo, que incluem concessões de bolsas de pesquisa da agência britânica Wellcome Trust e prêmios de reconhecimento nos últimos cinco anos. E acrescenta: “Esta distinção reconhece a originalidade e a qualidade de nosso trabalho, reafirmando nosso compromisso com a excelência científica e a inovação”.