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Pesquisa aborda a formação e trajetória de professores de Ginástica Artística em Pelotas

Um estudo do Programa de Pós-Graduação em Educação Física, da Escola Superior de Educação Física da Universidade Federal de Pelotas (Esef/UFPel), evidenciou que os professores que perpetuam a Ginástica Artística em Pelotas tiveram a modalidade – ou experiências próximas – em sua própria vivência. A pesquisa, fruto da dissertação da mestranda Juliana Diel de Arruda, apontou ainda que as condições de trabalho são boas para iniciação na prática e não impedem progressões, mas poderiam melhorar.

Ligado à linha de pesquisa “Formação Profissional e Prática Pedagógica”, que tem se preocupado com os estudos referentes à formação e trajetória docente, o trabalho foi orientado pela professora Mariângela da Rosa Afonso. O estudo foi qualitativo, do tipo estudo de caso, e utilizou questionários e entrevistas a fim de traçar o perfil dos sujeitos, aspectos importantes da trajetória e prática profissional, vivências, relações com a Ginástica Artística, saberes docentes, extraclasse, motivação e condições de trabalho.

No estudo, ficaram demarcados os principais trabalhos desenvolvidos na área da Educação Física sobre trajetória pessoal, profissional e formação de professores/treinadores. De acordo com a autora, o trabalho também trouxe para o debate o esporte Ginástica Artística, justificado pela falta de discussão no ambiente escolar, embora previsto em política pública como a Base Nacional Comum Curricular. Neste sentido, a dissertação objetivou analisar as trajetórias pessoal e profissional dos professores/treinadores de Educação Física que atuam no contexto extraclasse, visto que é nele que a Ginástica Artística em Pelotas, no estado do Rio Grande do Sul, tem destaque.

Os resultados evidenciam os processos de socialização antecipatória e profissional dos professores/treinadores, ou seja, as vivências anteriores à sua formação – por exemplo, se foi atleta ou teve contato com os aparelhos de Ginástica Artística. Também revela de que forma se relacionam com o contexto extraclasse dentro das escolas, como, por exemplo, quais fatores os motivam e desmotivam para trabalhar com a Ginástica Artística e a influência das condições de trabalho.

A pesquisa mostrou que esses processos foram reiterados pelas falas dos sujeitos. De acordo com autora, todos os participantes do estudo tiveram vivências com algum tipo de esporte ou alguma prática corporal na infância ou juventude que os levaram à Educação Física. Ao mesmo tempo, os professores/treinadores também valorizam aspectos como conversas informais, assistir treinos dos colegas e compartilhar informações entre pares – elementos considerados valorosos nos relatos.

No contexto extraclasse ficou evidente o bom relacionamento da Ginástica Artística com a escola, por exemplo, pela alta procura pela modalidade por parte dos alunos para prática dentro do educandário. A pesquisa também mostrou que a maioria dos sujeitos é motivada pelas crianças, havendo afirmações de que as condições de trabalho são suficientes para o bom trabalho no nível de escolinha, mas limitante no nível competitivo, afirmando que as condições poderiam ser mais favoráveis, havendo disparidade entre o apoio dado à modalidade em diferentes escolas.

Segundo a pesquisadora, existem várias quadras poliesportivas, mas a Ginástica Artística demanda condições mais especializadas. Sendo assim, muitas vezes as crianças não são expostas a esse esporte. “Nem se trata de formar atletas, mas de ofertar experiências que elas possam se identificar. A falta de infraestrutura, por exemplo, limita isso”, observou. Nesse cenário, aqueles profissionais que levam adiante a modalidade são aqueles que tiveram essa proximidade em sua própria história. Para Juliana, a formação inicial na graduação avançou muito nesse sentido, mas ainda deveria crescer mais. “Infelizmente quem não teve esse contato acaba não adentrando no mundo da Ginástica Artística. Essa vivência deixa o profissional mais apto e mais seguro para trabalhar na iniciação da modalidade”, pontuou.

Juliana foi bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e defendeu a dissertação em dezembro de 2021.