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UFPel realiza primeira Oferta Pública de Tecnologia

Professora AngelitaUma tecnologia única no mundo desenvolvida na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) acaba de ser concedida na primeira Oferta Pública de Tecnologia realizada pela Instituição. As composições filmogênicas para bioadesivos anestésicos tópicos utilizadas para liberação controlada de princípios ativos foram desenvolvidas dentro do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia.

O adesivo é um filme que contém anestésico – mas que pode veicular outros tipos de ativos, como anti-inflamatórios. De uso local, pode ser usado em substituição ao pré-anestésico.

No Brasil, anestésicos de uso tópico existem apenas em forma de gel e pomada. Aliás, o poder anestésico do adesivo criado pela UFPel é superior ao desses materiais.

Filme baseCriado inicialmente em aplicação odontológica – ele “cola” em áreas molhadas -, o adesivo pode ser usado também, por exemplo, para tatuagens: o filme pode ser aplicado antes e depois do procedimento, para anestesiar e proteger a área. Outras utilizações seriam em tratamentos estéticos com microagulhamento e lesões musculares esportivas.

De acordo com a professora Angelita da Silveira Moreira, uma das líderes da pesquisa, o filme adesivo pode ter ainda outras aplicações, que devem ser mais amplamente estudadas.

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A tecnologia é fruto de estudos que vêm sendo realizados há quase 25 Filmes e produtos relacionadosanos pela Universidade. Na época, a equipe liderada pela professora Claire Vendruscolo deu início a testes com bactérias selecionadas para produzir o polímero xantana, que tem aplicações na indústria alimentícia e petrolífera. Em seguida o trabalho progrediu e mostrou o desenvolvimento da xantana pruni, que é diferente em termos de composição química e em suas propriedades. Os estudos começaram a investigar como produzir essa xantana e formas de uso diferenciado. A partir daí, por exemplo, foram já foram depositadas patentes relacionadas a plástico biodegradável e vacinas.

Em parceria com a Faculdade de Odontologia, foi possível desenvolver Filme aplicado na parte interna da bocao bioadesivo anestésico de uso tópico, que agora poderá chegar ao mercado com diversas aplicações.

Primeiro Edital de Oferta Pública de Tecnologia
Com o extrato de Oferta Pública, é possível que a empresa possa obter o licenciamento de forma exclusiva – o que não ocorre quando a tecnologia está patenteada, cuja transferência não prevê exclusividade. Isso inviabiliza a exploração econômica porque abre concorrência. “Com o decreto de 2018, que regulamenta o extrato de oferta nesses moldes, fomos uma das primeiras universidades a fazer”, observa Glênio Couto Pinto Júnior, que atua na área de Propriedade Intelectual e Patentes da Coordenação de Inovação Tecnológica (CIT) da UFPel.

A empresa Biopolix – Materiais Tecnológicos Limitada, de São Paulo, foi a vencedora para licenciamento da tecnologia de titularidade da UFPel. Com esse edital de oferta, a empresa pode transformar essa tecnologia para uso comercial. A empresa pagará royalties à Universidade, cujo valor é calculado com base no preço de mercado da tecnologia. A CIT acompanha dados e relatórios do que se tem praticado no segmento e estabelece um preço mínimo. A maior oferta vence. O valor recebido pelo licenciamento será reinvestido em aparelhamento tecnológico de laboratórios ou para desenvolvimento de novas pesquisas.

A Biopolix agora vai elaborar, junto à equipe da UFPel, um cronograma de trabalho que vai apontar necessidades de testes e ações de desenvolvimento. Já foi feito teste piloto positivo para uso em escala comercial.

Para o coordenador de Inovação Tecnológica da UFPel, Vinícius Campos, esse é mais um passo que aproxima a produção científica da Universidade da sociedade. “A Universidade existe para criar tecnologia e transferir conhecimento para a sociedade. Isso pode ser feito de várias formas. A oferta de tecnologia é uma delas. Esse fortalecimento de interação cada vez maior com o setor produtivo mostra que como instituição pública temos muita capacidade de produzir tecnologia e transferir”, destaca.

Para Pinto Júnior, a UFPel está gerando tecnologia nacional, agregando valor a produtos locais e formando profissionais qualificados e valorizados, já que os alunos têm contato com tecnologias de vanguarda. “O conceito de inovação hoje em dia está em todos os lugares, mas o que se sustenta é o conhecimento baseado em pesquisa”, pondera Campos.

Equipe
O grupo de pesquisadores que desenvolveu a tecnologia é composto por Angelita da Silveira Moreira, Evandro Piva, Adriana Fernandes, Welligton da Rosa e Claire Tondo Vendruscolo.