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Programa de Inclusão da Agricultura Familiar começa a ser realizado

DSC_0814Um programa envolvendo transferência de tecnologia, capacitação e inclusão relacionadas à agricultura familiar está sendo iniciado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Contendo oito subprojetos, o programa é voltado especialmente a famílias em situação de extrema pobreza moradoras da mesorregião da Metade Sul do estado. Estarão em foco áreas como ovinocultura, apicultura, vitivinicultura, fruticultura, gastronomia, turismo, saneamento e tecnologia de alimentos.

A UFPel apresentou os detalhes do programa às prefeituras da região Sul no dia 12, no Centro Agropecuário da Palma. Serão 22 municípios beneficiados pela proposta, cuja intenção é melhorar a qualidade de vida da população em extrema pobreza, caracterizada pela renda per capita de até R$ 77,00.  Vinculado ao edital PROEXT, o programa tem a missão de, com uma equipe multidisciplinar de alunos e professores, unida ao saber popular que provém dos agricultores, estimular o incremento de produtividade com incentivo a tecnologias, industrialização, comercialização e obtenção de renda. “Embora o país viva uma situação de crise, a agropecuária cresce e uma população capacitada pode gerar mais emprego e renda”, analisou a coordenadora do programa, professora Rosane Nardes.

Segundo ela, os frutos da iniciativa deverão reverter em associações, criação de centros gastronômicos e implantação de projetos turísticos, compras e vendas coletivas de insumos e produtos finais, articulação de centros de formação e pesquisa, integração entre produtores e empresas nas Rotas de Integração Nacional, entre outros benefícios.

Com as intervenções, a ideia é melhorar a produtividade e criar diversificação de renda através do desenvolvimento de ações de ensino, pesquisa e extensão no que tange à qualidade dos produtos, agregando valor, estimulando o consumo de produtos de qualidade e com segurança alimentar e proporcionando que as famílias sejam multiplicadoras em suas comunidades dos conhecimentos adquiridos em diferentes áreas da produção. “A UFPel sempre esteve atenta aos diferentes segmentos da população, levando em consideração os setores primário, secundário e terciário da pirâmide alimentar, desenvolvendo projetos, criando novas bases para o ensino, a pesquisa e a extensão. Queremos fazer a diferença e sermos multiplicadores”, afirmou a coordenadora.

Um dos presentes na apresentação do programa aos municípios, o secretário de Desenvolvimento Rural de Morro Redondo, Davi Schiavon, aprovou a proposta. “Essa integração com a Universidade é importante para que as pessoas do campo se sintam valorizadas”, destacou.

Os cursos devem começar em agosto e se estender até o fim do ano. Em novembro está programada para ocorrer a I Semana do Setor Agropecuário da UFPel. O programa prossegue ainda pelo ano de 2016.

DSC_0785Intitulado “Inclusão da Agricultura Familiar em Situação de Extrema Pobreza da Mesorregião da metade Sul do Rio Grande do Sul no contexto agroindustrial da UFPel”, o programa trará consigo investimentos de infraestrutura, como qualificação de alojamentos e implantação de uma cozinha no Centro Agropecuário da Palma, onde será realizada a maior parte das atividades.

Para a vice-reitora, professora Denise Gigante, a atuação do programa irá, além de qualificar ainda mais o Centro Agropecuário da Palma, propor um ambiente de integração entre Universidade e comunidade. “De nada adianta estarmos fechados na Universidade. Precisamos levar o trabalho feito aqui aos municípios. Temos compromisso com o desenvolvimento da região Sul do estado”, pontuou.

O programa é realizado por professores e alunos das áreas de Agronomia, Ciência e Tecnologia de Alimentos, Gastronomia, Hotelaria, Medicina Veterinária, Nutrição e Zootecnia, com o apoio da direção e técnicos do Centro Agropecuário da Palma, da Emater e da Associação dos Prefeitos da Região Sul (Azonasul).

Conheça um pouco mais dos projetos apresentados:

Vitivinicultura
Segundo o professor responsável, Valdecir Ferri, a intenção é estimular o plantio de videiras e a elaboração de geleias. Para isso, o projeto irá captar o saber já existente, resgatar a autoestima, auxiliar na instalação de videiras, demonstrar o cultivo, elaborar geleias e sucos e estimular novos derivados da uva. Além disso, motivar iniciativas de revitalização e promover a adoção de procedimentos tecnológicos compatíveis com a realidade local.

Serão três encontros. O primeiro, com atividade prática de instalação e manejo de videiras; o segundo, curso prático de elaboração de sucos (de uvas e outras frutas); o terceiro tratará de elaboração de geleias, além de teoria sobre doces.

Gastronomia Regional – Capacitação em Técnicas Básicas de Cozinha
Com informações que vão desde boas práticas até a preparação dos alimentos, os cursos irão oferecer condições para que os participantes desenvolvam as competências e habilidades necessárias para obter refeições mais saudáveis e nutritivas para suas famílias e visitantes.

Os alimentos serão preparados conforme padrões de segurança alimentar, informa a professora Ângela Galvan de Lima. Serão três módulos: padaria, confeitaria e comida trivial (do dia a dia).

Turismo no Meio Rural
Conforme os professores Priscila Chiattone e Pedro Pinheiro, o objetivo é despertar o interesse do pequeno agricultor para as práticas de turismo rural, qualificando para serviços hoteleiros e gastronômicos e informando os benefícios para seu negócio e para a região.

O primeiro módulo tratará do turismo rural e seus produtos, gestão do meio de hospedagem, apresentação de cases de sucesso e identificação das potencialidades de cada participante. O segundo encontro terá como tônica a excelência no atendimento e outros aspectos.

Tecnologia de Alimentos na Agroindústria Familiar
A proposta é desenvolver produtos tecnológicos de origem animal e vegetal para consumo próprio e comercialização. Conforme adianta a professora Letícia Barbosa, o primeiro módulo terá como assuntos produtos de origem animal (derivados lácteos), boas práticas, técnicas de preparo de alimentos, iogurte, doce de leite cremoso e em tablete, manteiga, queijos, embalagem e rotulagem dos produtos, além de custos e produção e comercialização.

O segundo encontro versará sobre produtos de origem vegetal, boas práticas, técnicas de preparo, compotas, doces em massa e em pasta, geleias, sucos, picles e demais conservas, embalagem e rotulagem dos produtos, além de custos e produção e comercialização.

Apicultura
O responsável, professor Jerri Zanusso, adiantou que como pontos fortes a apicultura tem a cultura local, relativo baixo custo de implantação, facilidade para iniciar a atividade, produto com valor agregado e grande apelo. O módulo básico apresentará a apicultura para iniciantes, tratando sobre como começar, avaliação do futuro apiário e outros pontos. O segundo, mais avançado, tratará da diversificação da produção, cases de sucesso, encontro com apicultores (através de cooperativas e associações locais), nutrição e alimentação de abelhas na entressafra, manutenção do aviário e trabalho com cera.

Estão previstos, ainda, curso de artesanato apícola – fabricação de velas e sabonetes artesanais utilizando cera, mel, pólen ou própolis – e culinária com produtos apícolas – mel como alimento, uso do mel e do pólen na alimentação humana e receitas.

Ovinocultura
A professora Isabella Silveira falará sobre boas práticas e aspectos variados relativos à ovinocultura, proporcionando que os produtores entendam a responsabilidade de produzir com ovinos. Os tipos de propriedades irão influenciar na abordagem dos temas, que irão versar, ainda, sobre comportamento, bem-estar, como vivem e reagem os animais.

Saneamento no Meio Rural e Qualidade da Água na Propriedade Rural
Conforme as professoras Helenice Gonzalez, Natacha Cereser e Fernanda Pinto, a proposta aborda higiene, análise da qualidade da água, tratamento da água com medidas simples e baratas, educação e saúde. Estarão em foco o destino de dejetos sólidos e líquidos, propostas de saneamento rural, fontes de abastecimento, construção e manutenção de reservatórios, monitoramento e qualidade de água.

Em relação a produtos de origem animal serão abordados boas práticas, acondicionamento e armazenamento de leite – noções de legislação e programas de autocontrole -, carne – desossa de carcaça, produção de produtos frescais e cozidos – e peixe – processamento e filtragem.

Publicado em 15/06/2015, nas categorias Destaque, Notícias.